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Terapia Ocupacional

Motricidade | Atenção | Organização

Em que consiste?

A Terapia Ocupacional é definida como o uso terapêutico de atividades diárias (ocupações) em indivíduos que podem ter ou não uma disfunção física, mental, desenvolvimental, social ou outra (1, 2).

Com este objetivo, atua em parceria com a família e com as organizações para otimizar a atividade e participação de forma satisfatória e significativa (2-5), utilizando técnicas terapêuticas selecionadas consoante o objetivo pretendido e enquadradas nos interesses do indivíduo e na relação terapeuta-utente (2, 6).

Uma das grandes áreas de atuação da Terapia Ocupacional é a pediatria, que procura que todas as crianças com alguma limitação, dificuldade, problemática ou necessidade beneficiem de apoio para a participação em atividades significativas, consoante a faixa etária em que estão inseridas (2).

A participação em ocupações infantis, entre elas o brincar, o lazer, o descanso e sono, a educação, a participação social e as atividades da vida diária (7), contribui para o desenvolvimento ocupacional e, consequentemente, para o desenvolvimento físico, cognitivo, social e afetivo da criança, influenciando diretamente na saúde e no bem-estar infantil e da família (4, 8).

A quem se dirige?

Os Terapeutas Ocupacionais podem exercer as suas funções em várias áreas de intervenção, como a pediatria (casos de atraso global de desenvolvimento, autismo, dificuldades de aprendizagem, síndrome de down etc), a geriatria (problemas específicos do envelhecimento, alzheimer ou outros quadros demenciais), a saúde mental (esquizofrenia, depressão, doença bipolar, etc) e a reabilitação física (casos de AVC, quadros neurológicos e ortopédicos) (10, 11).

Desta forma, o Terapeuta Ocupacional trabalha com pessoas de todas as idades, desde recém-nascidos a pessoas idosas, caso ocorra uma alteração no desempenho ocupacional, isto é, uma diminuição da funcionalidade/autonomia em atividades significativas para o indivíduo (10, 11).

Quais os objetivos e benefícios?

Uma vez que o brincar é a ocupação mais significativa para as crianças, será a partir deste tipo de intervenção que a criança irá desenvolver as suas competências físicas, cognitivas, sociais e emocionais, potenciando o seu autoconceito, melhorando a sua autoestima e diminuindo a frustração a desempenhar atividades mais exigentes (7, 9).

Segundo a Associação Portuguesa de Terapeutas Ocupacionais (APTO) e o Enquadramento da Prática de Terapia Ocupacional, os principais objetivos são (1, 10):

  • A promoção/restauração/manutenção autonomia nas atividades da vida diária (alimentação, vestir/despir, higiene pessoal, entre outras);
  • A estimulação cognitiva (memória, atenção, concentração, capacidade de resolução de problemas, entre outras);
  • A promoção/restauração/manutenção das competências motoras (força muscular, amplitude de movimento, coordenação global, equilíbrio, motricidade fina, destreza manual, entre outras);
  • A estimulação sensorial;
  • A promoção/restauração/manutenção de competências psicossociais;
  • A adaptação do ambiente (identificação das barreiras arquitetónicas) e treino do uso de ajudas técnicas;
  • O aconselhamento, conceção e treino de produtos de apoio;
  • A prevenção de incapacidades.

Sinais de alerta para necessidade de intervenção

Existem algumas dificuldades que a criança pode vivenciar e que poderão indicar que a mesma beneficiaria do acompanhamento de um Terapeuta Ocupacional (12). Dessa forma, é imprescindível estar atento ao desenvolvimento da criança e a alguns sinais de alerta tais como (12-16):

  • Tem dificuldades em pegar em objetos pequenos
  • Não consegue fazer brincadeiras como puzzles ou encaixar objetos
  • Bate facilmente contra móveis da casa
  • Tem dificuldade em atirar/apanhar a bola, correr e saltar
  • Parece desajeitado ou descoordenado nos seus movimentos
  • Tem pouco equilíbrio
  • Tem dificuldade em segurar no lápis 
  • Tem dificuldades em segurar a tesoura para recortar
  • As letras não ficam na linha nem são do mesmo tamanho
  • A escrita é difícil de perceber
  • Faz muita ou pouca força ao pintar/escrever
  • Rasga a folha quando tenta apagar com a borracha
  • Não consegue pintar dentro das linhas
  • Tem dificuldade em terminar as tarefas propostas
  • Não consegue manter-se sentado direito na cadeira
  • Tem dificuldade em manter atenção
  • Tem dificuldades em compreender ordens
  • Não consegue esperar pela sua vez
  • Fala excessivamente
  • Não consegue vestir-se/despir-se sozinho
  • Não coordena os movimentos para lavar os dentes
  • Não consegue usar os talheres para comer
  • Não consegue apertar os cordões ou abotoar os botões
  • Tem dificuldades de discriminação espaciais (ex: esquerda/direita, cima/baixo).
  • Não suporta tocar em certas texturas/ materiais
  • Parece que procura por algo mais e não tem noção do perigo
  • Reage mal em ambientes com muito barulho
  • Reage demasiado aos estímulos (ex: toque)
  • Interage pouco com os outros
  • É agressivo com os outros
  • Tem baixa tolerância à frustração
  • Não explora o meio ou os brinquedos

Referências Bibliográficas

Marques A, Trigueiro M. Enquadramento da prática da Terapia Ocupacional: domínio & processo. Port: Livpsic. 2011.
Pérez Fernández G. Terapia Ocupacional Pediátrica. 2016.
APTO. O que é a Terapia Ocupacional?. 2015. Acesso em: 4 de Janeiro de 2021.
Folha DRSC. Perspectiva ocupacional da participação de crianças na educação infantil e implicações para a terapia ocupacional. 2019.
Mandich A, Rodger S. Doing, being and becoming: Their importance to children. 2006.
APTO. Competências do Terapeuta Ocupacional. 2015. Acesso em: 4 de Janeiro de 2021.
Ballesteros MdPB, Ucedo LM-S, Redondo LG. Terapia Ocupacional Pediátrica: Algo más que un juego. Revista electrónica de terapia ocupacional Galicia, TOG. 2015;2(7):7.
Muhlenhaupt M, Pizur-Barnekow K, Schefkind S, Chandler B, Harvison N. Occupational therapy contributions in early intervention: implications for personnel preparation and interprofessional practice. Infants & Young Children. 2015;28(2):123-32.
EMMEL M. Desenvolvimento Ocupacional da criança. Desenvolvimento da criança de zero à seis anos e a Terapia Ocupacional São Carlos: EdUFSCar. 2015:39-48.
APTO. Áreas de Intervenção. Acesso em: 4 de Janeiro de 2021.
Occupational Therapy Australia. What do occupational therapists do? Acesso em: 6 de Janeiro de 2021.
Projeto Eu consigo. Intervenção da terapia ocupacional em pediatria. Acesso em: 6 de Janeiro de 2021.
Pinto M. Vigilância do desenvolvimento psicomotor e sinais de alarme. Vol. 25, Revista Portuguesa de Clínica Geral. 2009. p. 677–87.
Direção-Geral da Saúde – Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil. 2013. Lisboa. Disponível em:http://www.spp.pt/UserFiles/file/EVIDENCIAS%20EM%20PEDIATRIA/DGS_010_201305.2013.pdf.
York Region. Red flags 2019: A Quick Reference Guide for Early Years and Health Care Professional in York Region. 2019.
Ogundele MO. Behavioural and emotional disorders in childhood: A brief overview for paediatricians. World J Clin Pediatr. 2018;7(1):9–26.