Terapia da Fala
Comunicação | Linguagem | Fala

Em que consiste?
A Terapia da Fala, é a especialidade responsável pela prevenção, avaliação, diagnóstico e intervenção da comunicação humana, englobando não só todas as funções associadas à compreensão e expressão da linguagem oral (atrasos do desenvolvimento da linguagem nas crianças) e escrita (casos de dificuldade de aprendizagem da leitura e escrita), mas também outras formas de comunicação não-verbal.
Entre as áreas de atuação, salientam-se também alterações relacionadas com a fala (gaguez, imaturidade dos músculos orofaciais-perturbações articulatórias, alterações neurológicas como, por exemplo, Disartrias e Apraxias), funções auditivas, cognitivas, motricidade orofacial (alterações das funções orais como a respiração, sucção, mastigação e a fala), deglutição (alterações neurológicas ou mecânicas que impeçam a pessoa de se alimentar de uma forma segura) e voz (alterações nas pregas vocais, nódulos e pólipos ou mau uso vocal) (ASHA,2007).
A quem se dirige?
A Terapia da Fala é uma valência fundamental para um bom desenvolvimento das competências da comunicação. O profissional desta área, intervém junto de todas as pessoas (independentemente da idade), que manifestem algum tipo de perturbações da comunicação, nomeadamente:
- Bebés (em serviços de neonatologia);
- Crianças em idade pré-escolar;
- Jovens e adolescentes em idade escolar.
No entanto, e apesar de a Terapia da Fala abranger todas as idades, é fundamental detetar precocemente qualquer alteração, para que a intervenção seja realizada o mais rapidamente possível e desta forma, seja eficaz.

Quais os objetivos e benefícios?
BEBÉS
- Minimizar a privação sensorial, estimulando a introdução e manutenção de alimentos com diferentes texturas, consistências, temperaturas;
- Contribuir para o adequado desenvolvimento do sistema sensorial – motor oral do bebé;
- Promover uma forma segura e eficaz de alimentação pela via oral para bebés prematuros e de risco, no sentido de beneficiarem de todas as vantagens do aleitamento materno;
- Promover o desenvolvimento adequado dos órgãos fonoarticulatórios relativamente à força, tonicidade e mobilidade;
CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES
- Avaliar, intervir e promover as competências linguísticas, munindo a criança de mais e melhores capacidades nesta vertente, evitando complicações mais graves no processo de desenvolvimento da criança;
- Avaliar, intervir e promover as competências vocais, para que as crianças adquiram mais estratégias e conhecimentos para uma adequada saúde vocal;
- Avaliar, intervir e promover competências articulatórias adequadas a cada faixa etária, evitando alterações consistentes ao nível de percetibilidade do discurso;
CRIANÇAS ESCOLARES E ADOLESCENTES
- Avaliar e intervir em perturbações articulatórias, melhorando não só questões relativas à percetibilidade do discurso mas também melhorando a sua autoestima, uma vez que nesta faixa etária, as crianças começam a ter mais noção das suas reais dificuldades;
- Avaliar e intervir em perturbações da leitura e escrita, dotando a criança de melhores competências para uma correta aquisição de conteúdos relativos à aprendizagem, promovendo o bom desempenho escolar,
- Auxiliar as crianças com alterações da fluência, nomeadamente crianças que apresentam um discurso muito acelerado ou que apresentem gaguez, disponibilizando estratégias que possibilitem minimizar as dificuldades que estas apresentam em manter um discurso fluente (com ritmos e pausas adequadas);
Sinais de alerta para necessidade de intervenção
VOZ
- A criança sente uma irritação na garganta que condiciona a qualidade da voz?
- A criança apresenta rouquidão persistente?
- A criança fala muito alto de forma persistente, provocando alterações na qualidade da sua voz?
- A criança fala muito rápido, faltando-lhe o ar no meio das palavras?
ALIMENTAÇÃO E DEGLUTIÇÃO
- O bebé apresenta dificuldades na sucção para extrair o leite materno? (APTF, 2017);
- A criança apresenta aversão/ recusa a determinados alimentos (Por exemplo- chora ou despoleta o vómito)? (APTF, 2017);
- Durante a refeição a criança tem episódios de engasgo? (APTF, 2017);
- A criança apresenta tosse, vómito ou engasgo durante a amamentação/deglutição? (APTF, 2017);
- A comida tende a sair pelo nariz da criança?
- A criança só gosta de comer determinada consistência (por exemplo puré)?
- A criança apresenta pouca mastigação dos alimentos, deglutindo os alimentos inteiros? (APTF, 2017);
LINGUAGEM
- A criança até aos 12 meses não utiliza palavras nem aponta objetos/figuras? Caldeira et al. (2004);
- A criança com 18 meses não utiliza palavras percetíveis? Caldeira et al. (2004);
- Aos 2 anos a criança não utiliza frases com 2 palavras? (Por exemplo “dá o pópó) Caldeira et al. (2004);
- A criança não segue ordens simples nem imita palavras ou ações?
- A criança realiza reformulações constantes do que quer dizer?
- A criança realiza frases curtas e/ou desorganizadas [Eu sabo vestir]?
- Dificuldades em recordar os nomes dos objetos/figuras?
- A criança demonstra dificuldades em recontar determinado acontecimento/ história?
- A criança não é capaz de manter o tema da conversa?
- A criança não é capaz de adaptar a linguagem ao interlocutor- (Por exemplo falar igual para o pai e para o irmão mais novo)?
FLUÊNCIA
- A criança fala muito rápido, sendo muito difícil compreender aquilo que a mesma produz?
- A criança gagueja em alguns sons, palavras ou frases?
COMUNICAÇÃO
- O bebé até aos 6 meses de idade não reage aos sons? (Lanza & Flahive, 2008);
- O bebé até aos 9 meses de idade não indica os seus estados de espírito? (feliz/chateado) (Lanza & Flahive, 2008);
- O bebé até aos 12 meses de idade, não aponta para objetos nem acena ou abana a cabeça para o “sim” e não”, respetivamente? (Lanza & Flahive, 2008);
- O bebé até aos 15 meses não utiliza palavras para se exprimir e não responde a perguntas com a expressão “sim” e “não”? (Lanza & Flahive, 2008);
- O bebé até aos 18 meses não utiliza 8 a 10 palavras de forma consistente nem discrimina de forma adequada os sons? (Lanza & Flahive, 2008);
- O bebé até aos 20 meses não compreende ordens simples? (Lanza & Flahive, 2008);
- O bebé até aos 24 meses não demonstra interesse para a interação social? (Lanza & Flahive, 2008);
- O bebé até aos 36 meses apresenta dificuldades ao nível da compreensão e não utiliza frases? (Lanza & Flahive, 2008);
LEITURA E ESCRITA
A criança inverte ou troca letras, ou sílaba- (Por exemplo: [save] em vez de “chave” ou [secola] em vez de “escola”?
- Omissões de letras e/ou sílabas – (Por exemplo [ca] em vez de “cama” e [coeira] em vez de “coleira”?
- Dificuldade em discriminar auditivamente estes pares de sons [f/v], [s/z] e [ch/j]?
- Dificuldades em compreender frases e/ou textos?
- Dificuldades em integrar as regras ortográficas?
- Produz textos com conteúdo reduzido, de forma desorganizada em termos de tempo e espaço?